segunda-feira, 2 de maio de 2011

Separação de Casal

Separação de Casal – Efeitos Colaterais
“Antes do uso do medicamento, favor consultar a bula”.

Por:  Liana Kupferman e Vanessa Sapiro


Estamos numa nova geração. Novas formas de pensar, de agir, da era do imediatismo, da rapidez, da informação e do mundo virtual. Mas será que de sentir também? Como será que os filhos sentem toda a transformação de sua vida? Convenhamos, o mundo pode ser moderno, mas as crianças são apenas crianças.

A casa nunca mais será a mesma. Um dos pais não estará mais presente em sua casa diariamente, e de repente o contato com o pai/mãe fica distante, muitas vezes formal quando não raro.

Em muitas situações, as brigas do casal que antes era em casa, só muda de lugar, agora é por fora, por telefone, pelos breves e temidos contatos. Mas a pior forma dos pais brigarem é utilizar o filho como um meio de atacar o ex-parceiro. Geralmente quando uma das partes sente que saiu da separação inferiorizada, magoada ou traída, quer o filho para balancear o “placar”, como um troféu, e o filho se vê no meio de uma partida de cartas, os pais disputando o “coringa”: “É meu”- “Não é meu, eu vi primeiro”...

Os pais podem utilizar de vários artifícios para conseguir que o filho seja seu aliado, o que hoje se denomina como “Alienação Parental”. Faz questão de falar mal sobre o ex-marido/esposa, seduz o filho com presentes, cedendo as suas vontades, tudo para o filho aproximar-se mais dele afastar-se do outro, para então sentir-se “vitorioso”.

Essa ilusória “vitória” de um dos pais, tem um preço alto a pagar no futuro. Aparecem os sintomas intensificados nos filhos de pais separados, talvez por sentirem-se no meio de uma batalha, que certamente não há vencedores. Por mais que os pais mostrem maturidade para enfrentar a situação e tomem o máximo de cuidado em preparar os filhos para separação, alguma hora a criança irá se deparar com suas questões, aquelas que muitas vezes prefere deixar de lado. Para amenizar esse sofrimento, é bom ficar atento ao comportamento da criança, atenção e cuidados dos pais, amigos e familiares a ajudam em seu desenvolvimento sadio. Diversas pesquisas apontam sintomas que devemos prestar atenção: a falta de sono e de apetite, agitação, irritabilidade, isolamento social, além de poder afetar o desempenho escolar. Por isso algumas atitudes dos pais ajudam muito nessa nova adaptação dos filhos:

- Ter paciência
- Deixar seu filho expressar seus sentimentos, conversar com ele, fazer com que ele sinta-se seguro ao seu lado.
- Incentiva-los o contato com ex-parceiro e parentes da parte deste, como avós, tios, primos.
- Conversar com a escola – deixa-la a parte da situação, sem fazer desse assunto um alarde.
- Tentar manter / não alterar rotina, quanto às atividades e horários. A menos que a criança peça.
- Evite brigar com seu ex-conjugue na frente de seu filho
- Não o use como mensageiro de seu ex-parceiro- nem para enviar/receber recados e muito menos utiliza-lo como espião.
- Tente não se sentir ameaçado(a) caso seu ex-conjugue constitua uma nova relação, seu lugar de pai/mãe nunca será substituído. Não deixar seu filho se sentir culpado de gostar do(a) novo(a) parceiro(a) será benéfico para todos viverem em harmonia.

Caso perceba que está sendo muito difícil para seu filho passar por esse momento, uma psicoterapia pode ajuda-lo e também orientar a família nessas questões.

Podemos ver que separação, além de ser doloroso para o casal, por ser o desejo de uma família que se rompeu, sentimentos e planos que não foram alcançados, sonhos não realizados; para o filho, pode ser bem difícil a aceitação e adaptação dessa nova etapa.

Portanto quando resolver pela separação, veja se realmente não há outra alternativa. Pense, reflita, converse muito com seu parceiro. A separação não é algo simples de se fazer quando se tem filhos. Mas saiba que a separação será do casal e não do dever de ser pai. Ele(a) será sempre o(a) pai/mãe de seus filhos. Então separação definitiva não há, assim como a separação não irá resolver todos os seus problemas. Mas se ainda assim, optar pela separação, esteja preparado para enfrentar alguns obstáculos, e faça dela um ponto final nos conflitos do casal e não o inicio para novos problemas.

Dizem que se lermos a bula antes de tomar o remédio acabamos não tomando. Mas conheço muito gente que sabe disso por isso mesmo não os lêem. Esteja informado, preparado e seguro do caminho a tomar. Esse texto teve esse objetivo. Os filhos irão agradecer!


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